Esta semana recebi a notícia que a minha Tia Zé tinha partido.
A minha relação com a morte é pacifica. Mas esta perda física, fez-me voltar à minha infância e às férias do Verão com os meus pais, tios, muitos primos, os cães e gatos e os restantes animais da casa, e ainda o tanque de lavar a roupa e que no verão quente servia de piscina para as crianças.
Momentos que me fizeram muito feliz e que contribuíram para a pessoa adulta que sou hoje.
A minha Tia Zé sempre teve um lugar especial no meu coração, porque ela tinha coisas muito especiais:
- o seu sorriso.
- a sua energia de mulher guerreira, nunca dava sinais de cansaço! E se trabalhava… porque a vida no campo não é fácil!
- as suas pernas inchadas e mãos calejadas do trabalho no campo e da casa que ela governava com o Tio Zé.
- os seus olhos brilhantes sempre que se falava de um dos seus 3 filhos.
- o seu pão: amassado pelas suas mãos e cozido pelo forno a lenha da “cozinha lá de baixo” e as broas do dia de todos os santos, receita da sua mãe, a avó Carolina. Tentei reproduzir durante muitos anos mas não chegavam perto dos da Tia Zé. Os dela eram cozidos a lenha e amassados com muita experiência e muito Amor. Desisti mas tenho a receita, quem sabe um dia…
Outra memória feliz que me recordei foi de um natal vivido “na terra” na casa da tia. Recordo-me da prenda de natal dos tios: uma caixa de canetas de filtro. Não me recordo da marca, mas a tampa era cor de laranja. Como fiquei feliz com essas canetas!!!
Depois de viver estes momentos todos na minha cozinha, enquanto bebia um chá de menta, sorri e mandei-lhe um grande beijinho. Acendi uma vela branca para lhe dizer que estou muito agradecida por ela ter sido a minha tia Zé e por ter estado na minha vida.
Beijinho Tia Zé! Gosto muito de Ti!